sexta-feira, 31 de março de 2017

A Biblioteca do Renato.

Por convenção terminam os meses, por convenção. Por convenção celebram-se datas, acontece uma festa, testamos o equilíbrio dos dias fazendo aquele balanço que nos segreda ou que ainda não é tarde demais ou que afinal fizemos bem, pensando bem o bem aconteceu e foi feito. Os anos não são uma invenção, porém, sucessão de estações que o tempo dita, sinusóide que progride e nos leva em direcção ao nada, com ou sem sentido nem sabemos.
 
Destes anos que posso dizer? Que nada sei do que passou. Que sou apenas e só o suspeito do costume. Anos que seguram e sustentam este onde estou. Anos fundamentais todos porque por todos foi preciso passar, vida esta que não tem jardim por onde possas fugir e saltar para avançar no tempo. Foram precisos estes anos todos - sem falta. E agora que encontrei este ano, ou melhor, que este ano me encontrou, não vai haver um dia que não mereça a sua festa.
 
Muito menos o de hoje, claro.
Dia que o vejo alto e de ombros largos, acúmulo de dúvidas e de certezas e de espaço que, meticuloso, vá de preencher, como se uma biblioteca de coisas e de livros e de escritos, a construir-se com tantos escritos e livros e coisas, a preparar-se para tanta vida. 

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