sexta-feira, 24 de junho de 2016

Exit.

Todos os povos têm qualidades e defeitos, todos. Começando por não serem bem povos mas sim uma colecção de pessoas, únicas, pequenas, invisíveis quase e porém, tendo... qualidades e defeitos, anseios, medos, capazes de coisas boas e das mais completas idiotices, ouvintes de boa música, de maus políticos. Os britânicos têm dois defeitos dois, assim para começar: Albufeira no verão, e levarem porrada dos russos sem dó nem piedade.
O Brexit atinge toda a Europa porque é um fenómeno Europeu, não só britânico. Consigo assim só num instante imaginar uma meia dúzia de países onde um referendo similar pode acontecer, e dois ou três onde ele  vai acontecer. Em Portugal o que nos defende de tal decisão é a ideia bem instalada no subconsciente português de que "sem a Europa não nos safamos", e não qualquer europeísmo nosso que, na realidade, não existe.
A Europa está à deriva há muitos anos. E não me lembro de ter aprendido ser a deriva o melhor método de navegação. A Europa, uma coisa boa, foi transformada por praticamente todos os governos europeus num bode expiatório para tudo o que eles não conseguiam resolver. Nunca conheci entidade com as costas mais largas. Que não tinha sido eleita, e tal... mas todos os seus cargos dirigentes foram eleitos sim, pelos nossos cargos eleitos, os nossos políticos. Eu, por exemplo, não votei no actual Primeiro Ministro de Portugal: foi o Parlamento que o escolheu. Isso transforma António Costa numa figura não democrática, como Juncker? Mais, sistematicamente as Eleições Europeias foram menorizadas. E o parlamento Europeu foi sempre mais notícia pelas suas mordomias e preguiça do que pelo facto de realmente ser a câmara eleita da primeira democracia supranacional do planeta.
O Brexit pode acontecer, por exemplo, na Finlândia ou na Itália ou na Áustria. E neste mesmos países o exercício do populismo puro e duro pode recompensar os audazes.
E foder-nos a todos nós.
Ontem recuámos, literalmente, oitenta anos na História.

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