O Rio Douro oferece-nos coisas muito boas. Uma delas os seus afluentes, grandes e pequenos. O Rio Varosa nasce na Serra de Leomil e desagua no Douro a norte de Lamego. Dá nome com o Rio Távora a uma Região Vitivinícola recente, caracterizada pelos Espumantes - o Murganheira, por ex., mas não só.
Na primeira metade dos 45 km de percurso podemos desenhar um triângulo cultural num território que poderemos chamar de Alto Varosa. Embora de alto não tenha muito, zona esta de rugosidades algo mais suaves do que, a oeste, o Montemuro.
E comecemos por Vila Pouca de Salzedas: lugar ocidental da freguesia de Salzedas onde alta ponte medieval salva o Varosa e guarda uma zona de recreio fluvial para onde se pode descer mais abaixo. Olivais e pinheiros alternam pelas encostas.
Em vez de seguir para Salzedas primeiro façamos um rodeio por sul e aproximemo-nos de Ucanha pelo lado de Gouviães. Estacionemos no largo que engloba a rua que desce em direcção à ponte medieval. Esta é imponente, e ultrapassa um Varosa aqui bem mais calmo. Do outro lado vê-se uma Torre fortificada que, antigamente, defendia as terras do Couto do Mosteiro de Salzedas e cobrava as portagens da passagem da ponte. Se rivalidades havia entre as duas aldeias a recente união das freguesias acabou com elas. A aldeia de Ucanha é interessante, e tem um casario bem conservado. Merece um giro e tem onde lanchar em paz. Seguir para Salzedas.
Salzedas vive à volta do Mosteiro do mesmo nome. Edifício imponente, recentemente restaurado, frontaria imponente e que domina o centro da aldeia. A porta de acesso para visita fechou antes da hora mas também não era essa a ideia. Do outro lado do largo acede-se a um aglomerado de construções, uma espécie de bairrro conhecido como "O Quelho" e que, dizem, foi uma judiaria. Medieval e interessantíssimo, sim. Um achado único em ambiente rural português. Judiaria? Em frente a um Mosteiro? I have my doubts! Espero que a reabilitação seja justa, adequada, minimalista.
Faltava S.João de Tarouca e seu Mosteiro, concorrente do de Salzedas, ambos fundados no século XII. S.João de Tarouca fica a leste do Rio Varosa. Foi fundado por intervenção do próprio Rei, enquanto a fundação de Salzedas decorre sob a protecção da mulher de Egas Moniz, ama dos filhos do Rei. A Igreja foi transformada em paroquial e contrasta com a de Salzedas ao revelar ainda as suas origens góticas. Por outro lado o Antigo Dormitório e todas as ruínas que ficam de permeio impressionam pela sua grandiosidade - o primeiro - e extensão - o resto. Um gradeamento "artístico" encerra o conjunto (ie, impede a sua adequada visão) e obriga a visita paga. O conjunto lembra uma enorme necrópole. Descendo ao Varosa encontramos nova Ponte Medieval, novo espaço onde molhar os pés em água limpa e corrida.
Hora de partir em direcção ao poente: sugestão: jantar na Gralheira, no Restaurante Recanto dos Carvalhos: não é a hipótese de, provavelmente, ser o restaurante mais alto de Portugal. É o facto de se comer muito bem.
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O Varosa em Vila Pouca. |
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A ponte de Vila Pouca. |
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A Torre de Ucanha. |
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A Ponte e a Torre de Ucanha. |
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Casa de Ucanha. |
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Mosteiro de Salzedas. |
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Mosteiro de Salzedas visto da entrada do Quelho. |
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O Bairro do Quelho em Salzedas. |
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O Mosteiro de S.João de Tarouca - a Igreja. |
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O Dormitório do Mosteiro. |
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Idem. |
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Ponte medieval em S.João de Tarouca. |
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