domingo, 31 de julho de 2016

A História de Portugal de Damião Peres e as Portas do Ródão.

A História de Portugal, coordenada por Damião Peres, começou a ser publicada em 1928, exactamente 800 anos após a Batalha de S.Mamede, e era claramente uma obra do regime da época, embora com ilustres colaborações como as de Jaime Cortesão. 
Li-a toda. Incluindo um curioso capítulo do 1º Volume onde Mário Vasconcelos e Sá se afadigava a explicar como a TODOS os níveis Portugal se individualizava de Espanha. Ainda sem saber o que sei hoje sobre as Raias Alentejana, Beirã e Trasmontana e as grandes parecenças das terras de cá e de lá fronteira, excluida a patine dos anos de costas voltadas, eu, nos meus, sei lá, talvez onze-doze anos, já desconfiava da coisa não ser assim tão diferente...

Um monumento natural que era muito mencionado nesse capítulo era o das Portas do Ródão, que eu hoje visitei. 
A relevância dada nascia do facto do autor opinar que ali o Tejo se fazia "nosso". Como se as Portas fossem uma fronteira natural, um obstáculo que o Tejo vencia na sua vontade para se fazer português, o rio Rio, o delta-mar interior que banhava a Capital do Império e lhe sublinhava a grandeza. Há uns quinze anos estive em Monfortinho, que fica ali perto, e a Espanha está ali à distância da travessia dum riacho que metade do ano se poderá fazer a vau. Portanto, no que diz respeito à fronteira estamos conversados. Aliás recomendo passar a fronteira de Segura para ir visitar a famosa ponte romana de Alcantara, ponte que ficava na estrada romana entre Norba Caesarina (Cáceres) e Conímbriga. Ponte que ao ser fronteiriça lhe derruiam um arco com frequência para evitar que o inimigo passasse. Quando o nosso D.Afonso V invadiu Castela fez chegar a seu rival a mensagem que passaria ao largo da famosa ponte, "pois não queria que Castela ficasse com menos aquele edifício!". Pena a Batalha de Toro...

Mas voltemos às Portas do Ródão. Ele há um muro que é a Serra das Talhadas, ou Serra de Ródão, bem visível quando a IC8 vem terminar à A23 e que o Tejo abre ao meio. Podemos adivinhar como terá sido a cachoeira há uns milhões de anos. Cachoeira que se pode ter debruçado sobre um enorme mar antigo que seria a bacia que depois acabou por secar nos Rios Sorraia-Tejo e Sado. 
No topo norte há uma torre acastelada medieval, possivelmente templária,  mas dita "do tempo dos visigodos". 

Muito giro, muito. Mas esqueçam os nacionalismos.

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