sábado, 23 de julho de 2016

A N2 e o que está antes: Verín.

A Nacional 2 (N2) está na moda. Vai ser a nossa Route 66. Começa em Chaves e termina em Faro. Percorre o País pelo meio sempre, sempre.
Começa em Chaves? Sim, mais precisamente na Madalena, que é Chaves do outro lado do rio Tâmega, a Este, uma extensão do burgo com características antiga e e um jardim romântico que hoje foi muito e bem alargado. As primeiras centenas de metros da N2 é conhecida localmente como a Recta do Raio X - e  nunca consegui apurar porquê. No cruzamento original se virarmos as costas à N2 o caminho é Espanha. Em trinta km estamos em Verín. 


Vou esquecer que a primeira localidade galega que se nos apresenta depois da fronteira - que eu passei quando ainda fronteira era - chama-se Santa Maria de Feces de Abaixo, banhada pelo rio de Feces. Verín fica num entroncamento de estradas, aquele onde a "Estrada de Chaves" desemboca na N-525, que liga Santiago e Ourense a Sanabria e Benavente. Hoje em dia há cómodas auto-estradas que replicam este entroncamento. 
Verín e Chaves formam uma "Euro-Cidade", mas não são aquilo que se possa chamar cidades-irmãs. Verín é bem mais pequena, uma vila-de-estrada, centro de uma veiga farta e ampla essa sim irmã da de Chaves. Enquanto Chaves tem um castelo no centro da povoação, castelo que nunca foi moradia de grandes senhores mas sim e só guarda de fronteira, Verín não tem castelo. Como assim, perguntarão? Tem Monterrei, povoação ali ao lado que, num alto cabeço tem muralha, castelo e palácio dos senhores de Monterrei, uns dos grandes da Galiza. O cabeço acastelado domina a veiga de Verín. Na encosta está o Parador de Verín - uma pseudo-residência senhorial edificada nos anos sessenta que tem as vistas do castelo mas que não é bonita. Talvez por isso já ameaçou fechar. Monterrei dá o nome a um vinho local com DO - não tenho opinião sobre. 
Verín tem na Praza Garcia Barbón o seu centro cívico, uma praça galega típica, com casas antigas com galerias no piso de cima e soportales para proteger da chuva. Há espaços no centro histórico de Chaves muito parecidos mas com outro relevo, havendo ruas que sobem e descem e se cruzam: Verín é plana e não tem densidade para ter um centro antigo como Chaves tem. Chaves consegue ter casas antigas dignas de uma cidade e de uma vila e de uma aldeia. A umas dezenas de metros da Praza Garcia Barzón o Tâmega passa prazenteiro, metade do largo que vai ser em Chaves. À volta de Verín são engarrafadas três águas: Cabreiroá, Fontenova e Sousas. A Cabreiroá tem as garrafas mais bonitas. Em Verín começa a falha tectónica que se prolonga até Penacova, em Coimbra, e que fornece todo um manancial de fontes termais, a começar por estas e a terminar no Luso, passando pelas Pedras Salgadas e pelas arruinadas Caldas do Moledo, por ex. O castelo de Monterei terá sido mandado construir por D.Afonso Henriques. A fronteira aqui então era bastante móvel. 
Na Praza Garcia Barzón come-se bem debaixo dos soportales.

Mais? Trinta quilómetros para sul começa a portuguesa N2.

Sem comentários:

Enviar um comentário