É uma esplanada virada para um parque. Uma água de Vidago. Um verde glorioso, o som de água. A perfeição de um hotel criado por um rei para a realeza e eis que.
Vidago era
antigamente um simples lugar da freguesia de Arcossó do concelho de
Chaves. Mereceu porém uma atenção especial do Rei D.Carlos que em
Vidago mandou construir um Hotel de luxo para nele poder receber a
realeza europeia. Suprema ironia, o Hotel foi inaugurado em seis de
Outubro de… 1910, na primeira manhã republicana do país. O pai do
Rei D.Carlos, D. Luís, frequentara a estância termal. A sorte de
Vidago tem variado ao longo dos anos. Recebeu o comboio em 1910 mas
já o perdeu. Toda uma região, aliás. A sua sorte flutuou a par e em rivalidade com as Pedras
Salgadas. O Casino era nas Pedras e nunca foi legalizado embora, enfim, funcionasse. Hoje está em
Chaves, cidade.
O Hotel reabriu em
2010, ainda mais luxuoso. O parque das termas pertence-lhe mas
(ainda) é visitável pelo pobre público. Com um módico consumo
pode aceder-se à esplanada do bar e fazer de conta que chegámos
dias antes de Baden-Baden ou de St. Moritz. Mesmo quando relampeja e
uma faísca acerta no para-raios do Hotel e estilhaça uma lâmpada
na esquina da esplanada, num curto-circuito de fracções de segundo.
Uma coisa assim acontece e sentimos que alguém faltou ao respeito à
nossa resplandecente e melancólica figura, a beber um sumo ou uma água de Vidago numa esplanada virada para um parque que é verde e fornece aquele eterno som de água, água dominada, água muito diferente da que caiu depois, em golfadas, do zangado céu.
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