O turismo é a salvação das cidades. O turismo pode também ser a sua morte. No caminho (aéreo) para Varsóvia, parei em Barcelona. Porque sugerido e realmente o tempo era bastante, decidimos ir até ao centro da cidade. O Prat tem desde há pouco tempo uma linha de metro que sai directamente do Terminal 1 sentido centro de Barcelona. A estação de metro está isolada da linha e tem exaustivamente assinaladas as portas que abrirão em uníssono com as portas do metro, em chegando este. Estamos na Catalunha, amigos! Suponho que a lógica será evitar acidentes, brincadeiras e suicídios.E assim alegremente progredimos na assépsia deste mundo.
Saímos na Praça da Catalunha. E... era um mar de turistedo. Barcelonitas nem vê-los! A ideia era almoçar. Com nada planeado derivámos para um McDonalds subterrâneo que por ali ficava numa esquina. Assustador. Lembrou-me um Mac frequentado em 2015 nas anteparas do Vaticano. Pode-se argumentar que nas grandes cidades é assim, os Mac não prestam. Confirmo, assim era em Berlim, periféricos e duvidosamente frequentados. Mas não eram perigosos - no sentido de labirínticos e obivamente sem saidas de segurança asseguradas. Enfim...
O tempo que havia permitia apenas Ramblas e pouco mais pelo que, via Google Maps, há que circular. Descendo as mesmas, à direita subitamente apareceu La Boqueria. É o Mercado popular por excelência de Barcelona e aqui, por uma vez, o banho turístico não trama o castiço. La Boqueria consegue resistir e ultrapassar a maré zombie - e não éramos nós também? - e mais ainda. Fundado em1840, cobertura de 1914, é aquilo que infelizmente o Novo Bolhão talvez não vá ser.
Depois foi seguir para a Catedral e assim permitir um cheiro do Barri Gótic. Praça de S.Miguel, Praça de S.Jaime, porque não estamos nas Ramblas o respirar mediterrânico, latino, "italiano" de Barcelona faz-se sentir. A Catedral é um anti-climax, claro, a sua imponência um pouco atarracada, ainda mais quando em Espanha há Léon, há Burgos, quando na Catalunha há Girona. Talvez por isso a Praça da Sé seja apenas um largo grande onde um imigrante fazia grandes bolas de sabão e ocasionalmente recebe uma que outra moeda.
Bom, marcha atrás, Praça de Catalunha, metro asséptico, e vamos para Varsóvia.
Chegámos a Varsóvia era já noite. Tremi - ia ser preciso um táxi. O preços pagos por cada táxi a partir do aeroporto para os hotéis em Viena e em Berlim em 2016 quase me tinham arruinado. Por outro lado o hotel a que nos dirigíamos tinha uma horta curta de check in que terminava às 20h - eram 21h30m. A jovem Matilda garantira-me via email que ia esperar. Cumpriu. E o taxista, monossilábico, levou 6 euros por uma viagem de vinte minutos. O ordenado médio na Polóna é 4/5 do português. Avenidas e avenidas, rotundas, o Vístula. Trânsito moderado - era segunda-feira. O 4th Floor Bed and Breakfast ficava num aglomerado de prédios antigos e não bonitos, acinzentados. A Matilda abriu-nos a porta e, através de um elevador antigo e solavancado, chegámos ao destino. A Matilda estava bem disposta. Pediu-nos desculpa "I'm a bit tipsy!" , pois bebera um copo de vinho enquanto esperava. Dispensou qualquer assinatura ou documento - "don´t worry, it's five bedrooms, I can control my guests!" e apresentou-nos o quarto - uma ampla suite com mobiliário antigo, duas camas e um sofá. Percebemos que aquela era a sua casa de infância - e aquele o quarto dos pais? - pois garantiu-nos que o estranho elevador nunca avariara. Saímos, levou-nos por trás do seu antigo liceu e deixou-nos numa rua onde um lindíssimo restaurante nos serviu comida polaca, o Kameralna. A comida polaca, adianto, não é leve. Não foi cara e estava supinamente confeccionada.
The end, for now.
Adorei o texto tal como a mobília de quarto. Parabéns!
ResponderEliminar