Sempre achei que os clubes de futebol deviam ter nomes imaginativos. No tempo em que havia a ADO - Associação Desportiva Ovarense - e esta jogava ora na Distrital de Aveiro ora na 3ª Divisão, o nome a que eu achava mais piada era ao Recreativo de Águeda. Havia também o Ala-Arriba, que era, e é, de Mira.
Os criativos são os homens da publicidade. Não creio que alguém se dedique a apelidar de "criativos" a Scorceses, Paulas Rego, Pauls Austers, etc. O publicitário inventa literalmente necessidades onde antes não as havia. À volta disso criou-se uma série televisiva famosa onde os hábitos sexuais masculinos americanos do início dos anos sessenta foram glorificados - o que nada contribuiu para todos os prémios recebidos: falo da série Mad Men, obviamente. Criativos foram vários poetas portugueses, a começar por Fernando Pessoa ("primeiro estranha-se, depois entranha-se"), Ary dos Santos ("Sagres, a sede que se deseja") e a terminar no mais conhecido de todos, o Alexandre O'Neill do "há mar e mar, há ir e voltar".
Nos tempos que correm parece-me a mim - eu sei que está errado mas este acumular de auto-referenciação me gusta - que nada de novo se cria. Muito menos eu criarei. Parte-se, baralha-se, voltamos a dar as cartas, jogamos. Quando muito, "recrio". E, supremo objectivo, divirto.
Podem chamar-me o "recreativo do Foco", eu não me importo.
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