quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Berlim dia três.

A minha opinião sobre o Memorial do Muro de Berlim é igual aquela sobre o Memorial do Holocausto: não chega. Mas chegaria de alguma forma?

O nosso hotel ficava na Bernauer Strasse, rua retalhada ao comprido pelo Muro de Berlim a partir de 1961, rua onde aconteceram das histórias mais desesperadas e lancinantes sobre fugas, separações de famílias, e algumas dezenas de mortos. No chão da rua, dezenas placas redondas de bronze assinalam aqui e ali os sítios: "Fugiu um casal"; "Fugiu um homem; mulher não conseguiu."; "Sr. Herschel atirou-se de uma janela, sobreviveu embora gravemente ferido.". Se não tiveres curiosidade pisas estas pequenas planas "redomas" cheias de história. 

O Memorial recria num amplo rectângulo "como era". No caminho até lá a linha do Muro é desenhada por barras de ferro enferrujado ao alto, como farpas caídas do céu ou espigões que brotaram do chão. Há também algum verde e uma igreja em madeira no lugar onde antes uma igreja havia e que o Muro trespassou e depois destruiu. Num coberto resta o grande sino. O Memorial tem um museu que se organiza em vários andares a partir de um varandim de onde se domina o tal rectângulo que recria. Vi sobretudo adolescentes a visitar o Memorial do Muro, adolescentes alemães, o que é bom. Algo barulhentos, é certo, mas a adolescência e o silêncio nunca se deram bem.

Depois fomos à procura do Hackesche Höfe, uma zona comercial muito interessante que consiste numa série de pátios entrelaçados e que já foi uma zona alternativa de Berlim, hoje mais domesticada. Muito do filme "Faraway, So Close" de Wim Wenders acontece em Hackesche Höfe. Por ali perdido um museu dedicado a Anne Frank, onde não entrámos.

Logo  no seguir da rua a Neue Sinagoge de Berlin, ou o que resta dela. Um edifício do século XIX construido em estilo neo-mourisco (bons tempos...) e com parte de estrutura com uma base em ferro, é muito bonita.  Funciona hoje sobretudo como museu - tinha interessantes exposições dentro - mas também como sinagoga da minúscula comunidade judaica berlinense. Os níveis de segurança à entrada são altos. 

Comemos por ali. Uma vez mais as vespas de Berlim chatearam um pouco. Procurámos depois via metro o Viktoria Park. É este um espaço verde de dimensão média localizado numa encosta e que possui uma cascata muito engraçada dentro da qual literalmente brincavam várias famílias berlinesas. Lanchámos num boteco de rua do bairro de Kreuzberg. Bebi uma cola local que - porque tinha tanta cafeína como um Red Bull - depois não me deixou dormir. Daí a popularidade?

Decorria o Festival de Dança de Berlin - a Cata tinha tido uma masterclass no Porto com uma tal de Meg Stuart, americana a viver em Berlim. Havia uma espectáculo seu por ali a acontecer, numa sala chamada HAU2. O problema foi descobrir a sala. Comemos grego, vimo-nos gregos para conseguir as entradas, mas por fim lá aconteceu. Eu, para conseguir entrar, tive que me sentar nas escadas laterais. O espectáculo? chamava-se "Blessed". Muito bom. Dançado quase todo "à chuva", fantástico. 

Afrontámos depois a noite do Metro de Berlim - sem espiga.

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