segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

1972, o ano de todos os enganos.

O ano de 1972 foi um ano chave na carreira de Joaquim Agostinho. Não foi um bom ano. Agostinho manteve-se com de Gribaldy. Desta vez a equipa chamava-se Magniflex. E Agostinho começou o ano no Paris-Nice. E caiu. Depois fez o circuito das Clássicas, com escasso ou nenhum proveito. Milano-Torino, 27º. Gent-Wevelgen, 97º, Liege-Bastogne-Liege, 17º. Fleche Wallone 29º. O objectivo destas participações não é discernível. Agostinho resistia às duras condições destas clássicas. Mas não tinha ponta final nem estratégia para as ganhar, sequer discutir os primeiros lugares. Rodagem? Apoio a outros elementos da equipa? Gribaldy nunca tinha usado Agostinho para tal coisa. Perda de tempo? Talvez. Agostinho reaparece no seu terreno com a primeira participação na Vuelta a España, então ainda em fase de afirmação como prova de primeira linha. Mostra-se nos primeiros dias mas depois tem uma queda muito grave que o atira para o Hospital um mês e lhe terá condicionado o resto do ano. Recuperou a tempo de fazer a Volta à Suiça, onde ganhou a etapa rainha e o contra-relógio, fazendo quinto – a 1ª vez que Agostinho consegue um top dez numa prova de topo de 1 semana. O objectivo era o Tour portanto esta rodagem prometia. O Tour de 72 foi uma prova muito diferente da do ano anterior. Merckx dominou-a por completo, enquanto Ocaña se mostrou débil e acabou por abandonar. Agostinho esteve discreto na primeira metade até numa etapa escapar com van Impe na montanha e fazer segundo – para depois acusar doping. Agostinho voltou a fazer no fim oitavo – o seu lugar mais frequente, afinal... e os dez minutos de penalização pelo doping – era assim naqueles tempos, não lhe mudaram o lugar, pois tinha catorze minutos de avanço sobre o nono... Agostinho fôra portanto o último dos primeiros... Agostinho não terá ficado 100% contente, para mais quando uma jovem revelação da sua própria equipa, o trepador francês Mariano Martinez (de origem espanhola) – lhe ficara à frente, em 6º. Era um amigo, tinham partilhado o mesmo quarto, mas mesmo assim... O resto da época foi mais um Campeonato e uma Volta em Portugal, um Critério em Sintra onde curiosamente Agostinho venceu a Zoetemelk (!), um Campeonato do Mundo corrido com muito calor onde Agostinho foi... 42º e último! E a escalada a Montjuich onde mais uma vez ficou à porta do pódio, em quarto. Consigo adivinhar a desilusão. Por isto ou por qualquer outra razão – dinheiro sendo também uma boa hipótese – Agostinho abandonou Gribaldy e em 73 passou para a equipa BIC.

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