segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Agostinho, o gregário que vira (outra vez) estrela.

O ano de setenta e oito começou com algumas expectativas: Agostinho voltava a trabalhar com de Gribaldy, na equipa Flandria. A equipa Flandria era “a” equipa belga de Maertens e Pollentier, mas de Gribaldy repescara Agostinho e começara a trabalhar… Sean Kelly. O contrato de Agostinho estipulava o seu papel: ajudar Maertens nas montanhas do Tour. AGgostinho assumen uma entrevista a um jornal - queria ganhar dinheiro, aumentar a sua quinta. Por outro lado José Martins estava numa Teka bem mais humilde do que em 77 mas que mantinha um líder, Lasa. Agostinho começou a época no pódio da Volta à Corsega, 3º, sem grande barulho. Era uma estreia na prova. Depois desistiu precocemente no Paris-Nice. Na Setmana Catalana a Flandria mandou Kelly e deixou Agostinho em casa. Martins continuou a mal se fazer notar na Teka – foi 22º. Uma equipa do Lousa e do Coelima – bendito Coelima – andou por ali a fazer… umas coisitas. O melhor foi Firmino Bernardino, ex-companheiro de Agostinho no Sporting, 32º. O Lousa/Coelima fez melhor na prova espanhola seguinte, a Volta ao País Vasco, uma volta só de espanhóis e portugueses. Bernardino participou na fuga que decidiu os primeiros e conseguiu acabar em nono na geral (com o Sporting em 75 tinha ficado dez lugares abaixo). Conseguiu assim o seu único resultado interessante fora de Portugal de toda a carreira. Na Vuelta só participou Martins que terminou 20º, sem grande brilho. Agostinho possivelmente foi mesmo reservado por de Gribaldy para o Tour. Reapareceu na Dauphiné-Liberé, onde foi um discreto 23º. Na Suiça foi 21º. Mas qual seria a hierarquia numa equipa belga com Maertens e Pollentier? Agostinho sabia que era um gregário e não o chefe. No Tour iam portanto participar Martins e Agostinho. De Martins não havia muito a esperar. Preparara o Tour passeando no Tour de l’Aude e nos Valles Mineros, uma prova que ganhara 3 anos antes… A Flandria andou a entreter-se nas primeiras etapas do Tour com Maertens, Kelly e Bittinger. Na 1ª etapa de montanha a sério apareceram Pollentier e Agostinho – e este já subiu para sexto da geral. Mas à frente estava o belga Pollentier,o homem que tinha ganho antes o Dauphiné. Pollentier, dias depois, vestiu a camisola amarela ao ganhar o Alpe d'Huez para uma hora depois a despir: entregara para controlo anti-doping uma urina que não era a sua. Mas Agostinho não - ele ALIÁS não voltaria a ter um positivo até à sua morte na estrada. Agostinho, contratado para ajudar Pollentier e sobretudo Maertens na montanha, era agora o indubitável chefe de fila da Flandria, e manteve-se ao mais alto nível na montanha. Na 17ª etapa já era 3º. À frente apenas Hinault e Zoetemelk. A grande surpresa do Tour tinha portanto… 35 anos. Por outro lado Martins conseguira ser o 2º melhor Teka em 22º, mas nunca fizera sequer um top dez em nenhuma etapa. Agostinho - possivelmente como recompensa - não voltou a competir neste ano. Teve direito aos seus critérium's franceses de Verão, ganhou uns outros não, etc. Martins terminou o ano como começou, discretamente em 18º na Volta a Catalunha. E saiu da Teka.

Sem comentários:

Enviar um comentário