quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Alpe d'Huez.

Em setenta e nove Agostinho manteve-se na Flandria, “governado” por de Gribaldy. Tinham saído Pollentier e Kelly. Tinham ficado Maertens e Demeyer para o plano e Agostinho para as tarefas mais empinadas. Na primavera ninguém ouviu falar dele. Viajou até à Setmana Catalana com o seu companheiro Freddy Maertens em Março mas perdeu – com Maertens – 23’ logo no primeiro dia e pronto! Foi a sua pior Setmana Catalana e não a voltaria a correr. Correu depois alguns critérium’s e apareceu no Dauphiné em Maio, uma corrida que foi completamente dominada por Hinault. Sem grande alarde foi sexto. Seguiu-se o Luxemburgo onde Agostinho rodou e matou saudades da sua estreia com de Gribaldy dez anos antes: foi 14º. Depois a Flandria foi em toda a força para o Midi-Libre, que estava prometido à jovem estrela italiana Giuseppe Saronni, de 21 anos, recém-vencedor do Giro. Agostinho, 15 anos mais velho, ganhou a etapa rainha e terminou 2º a 13 segundos do italiano. Rolou no Tour de l’Aude – 21º - pequena prova por etapas francesa onde Hinault tentou ajudar um gregário seu, Villemiane, a ganhar a Moser e, já agora, humilhá-lo. Não conseguiu… Agora era a vez do Tour… e Agostinho repete o 3º lugar. Já contei esta história: o Tour voltou a iniciar-se nos Pirenéus. Uma cronoescalada no dia 2 colocou Agostinho em 3º ao ser 2º logo após Hinault. Depois 2 – para quê? – CR por equipas – tiraram 3’ a Agostinho e numa etapa em paralelo para Roubaix uma queda tirou-lhe 14’. Na 2ª cronoescalada foi terceiro e com a vitória no Alpe d’Huez, a tal vitória que lhe valeu uma placa comemorativa numa curva, recuperou até 5º. À frente, para além dos “monstros” Hinault e Zoetemelk, estava o holandês Kuiper e o super-gregário de Hinault Bernaudeau. Bernaudeau foi ultrapassado logo na etapa a seguir, e Kuiper no último contra-relógio. Desta vez Agostinho não começara o Tour como gregário de ninguém e acabara também só atrás dos dois únicos corredores que lhe eram superiores no Tour, Hinault e Zoetemelk. Este 3º lugar mais o 2º lugar no Midi-Libre, cada um pontuado por duas vitórias em etapa, eram um Agostinho como nunca se tinha visto antes. Agostinho tinha feito uma extensa preparação para o Tour com pouco esforço prévio. A equipa Flandria tinha belgas esforçados qb para se apresentar em todas as provas da primavera e não ter saudades do português. E este tinha respondido ganhando em setenta e nove sem espinhas onde no ano anterior Pollentier tinha sido expulso da prova. Lá vieram os critérium’s e o dinheiro. Depois Agostinho foi ao GP des Nations e não brilhou e em Montjuich foi décimo, embora ganhasse o CR em duo com Criquielion, um belga 14 anos mais novo do que ele e do que o conterrâneo van Springel, parceiro da vitória no Baracchi dez anos antes… enfim, o ano estava GANHO. Uma palavra para José Martins: a correr na equipa espanhola Moliner-Vereco de Miguel-Maria Lasa, durante todo o ano não se deu por ele. Voltaria em oitenta para a casa-mãe, o Coelima, para acabar a carreira, um corredor oito anos mais novo que Agostinho…

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