segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Teka - 1.

Em 75 Agostinho, Mendes e Martins corriam em equipas portuguesas. Em setenta e seis correriam os três por equipas espanholas. Martins foi correr para a “Kas”, Agostinho e Mendes para a”Teka”. O Sporting fechara as portas, o Benfica e o Coelima deixaram de viajar ao exterior. A “Kas” era mais rica e mais reconhecida no continente. Afinal, tinha sido a equipa de Fuente. Por isso Martins começou o ano no Paris-Nice, onde foi 20º. Mendes e Agostinho fizeram a primavera peninsular, isto é, Andalucía e Levante. A Volta à Andalucía foi corrida anonimamente por ambos. Levante não. Agostinho lutou pela vitória e terminou terceiro. Ganhou Aja, um companheiro de equipa, um tal que lhe tinha ficado também à frente no Tour de 74. Agostinho queixou-se de ter sido discriminado pela equipa. Encontraram-se os três na Setmana Catalana, então a prova espanhola de primavera com mais prestígio. Agostinho terminou sexto, mas Aja terminou segundo, atrás de Merckx – a última prova em etapas que Merckx ganhou. Por seu lado Martins foi sétimo mas Pujol, uma esperança espanhola, também da Kas, tinha sido quinto. Seguiu-se Euskadi, menos competitiva, onde Agostinho fez terceiro, enquanto Martins e Mendes não brilharam. E chegou a Vuelta. Agostinho lutou pela vitória até à última semana e chegou a ser primeiro alguns dias. Numa etapa de montanha perdeu muito tempo. Terminou sétimo e a vitória sorriu a um "Kas", Pesarrodona. Esta Vuelta tinha sido mais competitiva que a de 75: Martins foi 15º, Mendes 20º. Mendes e Agostinho seguiram depois para Itália. Agostinho desistiu – doente? – quando era 11º, Mendes seguiu e com pezinhos de lã terminou 18º. Ainda hoje Mendes é o único ciclista português a ter terminado as três provas de 3 semanas, Vuelta, Giro e Tour, dentro dos primeiros vinte da classificação geral. Agostinho e Mendes desapareceram do radar e só voltaram em Setembro para competir sem brilho na Volta à Catalunha. Martins, pelo seu lado, continuou a ser apenas mais um no colectivo mais forte do circo velocipédico europeu. A Kas tinha perdido Fuente, mas ganhara a Vuelta com Pesarrodona, e tinha também Lopez Carril, o 3º do Tour de 74, e Galdos, que tinha sido 2º no Giro de 75. Martins foi 16º no Dauphiné mas brilhou na Suiça, ao ser 4º, melhor do que Agostinho 4 anos antes. À sua frente Pesarrodona… No Tour Martins foi 12º - e o 4º melhor da sua equipa – à sua frente Galdos em sexto, Lopez Carril 10º, Pesarrodona 11º... Ao falar de Agostinho esqueci-me de uma coisa: ele voltou a ser convidado para terminar a época em Montjuich, ele e… José Martins. Agostinho foi 3º, Martins 13º. A hierarquia portuguesa fôra restabelecida. Curiosamente no CR de duos que Montjuich também englobava, a Kas foi 3ª – Pesarrodona e Martins – e a Teka apenas 5ª – Agostinho e Aja. Agostinho estava vivo/melhor, Martins bem mas afogado numa equipa de “ases”, Mendes a descer para o quase anonimato. Em 77 os três seguiriam nas mesmas equipas, com resultados diferentes.

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