segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

BIC - 2.

Em 74 Agostinho cumpriu o prometido e não correu em Portugal. Mantinha-se na equipa BIC… de Luis Ocaña. E voltou a iniciar o ano no Paris-Nice. Ocaña começou aqui um ano que seria de calvário, multiplicando as quedas, as bronquites e as desistências. Nunca voltaria a ser o mesmo. Depois de Ocaña desistir do Paris-Nice Agostinho apareceu. Foi segundo na cronoescalada do Éze e segundo na etapa da subida a La Turbie. Mas acabou 25º. Na Setmana Catalana Ocaña voltou a implodir. E Agostinho, desta vez mais atento, ficou em terceiro logo atrás de Zoetemelk – a primeira metade de 74 assitiu ao melhor Zoetemelk de sempre – e Merckx. E chegámos à Vuelta. Ocaña bem tentou, mas aqui e ali ia abaixo. Acabou por desistir. Outro espanhol, o asturiano Fuente, dominou a montanha… até Covadonga. Aqui ganhou Agostinho, que assumiu a liderança da BIC. Fuente era o chefe de fila da poderosa equipa espanhola KAS. Tremeu nas últimas etapas, mas a equipa segurou-o. E Agostinho confiou no contra-relógio final para dar a volta à classificação e ganhar a Vuelta. Falhou… por 11 segundos. Os jornalistas portugueses insinuaram tramóia, que não terá havido. Mas Fuente nunca ganhou mais nada de jeito. Salvaguardando as distâncias, este foi o 1º de três pódios de Agostinho em voltas de três semanas. Fernando Mendes, de quem já falámos, ficou num óptimo 11º lugar, como melhor classificado duma equipa mista Benfica-Coelima. Na preparação para o Tour Agostinho foi dos poucos favoritos que não caiu no Midi-Libre, terminando discretamente em 8º. Caíram Zoetemelk, van Impe, Ocaña viria a cair depois com gravidade no Tour de l’Aude… a concorrência no Tour estava a ficar escassa… que poderia fazer Agostinho? O Tour de 1974 foi um Tour onde um Meckx já não Super-Merckx mais ainda bom quanto-baste superou um rejuvenescido Poulidor e outro trepador espanhol da KAS, Lopez Carril. Agostinho andou lá por cima mas nunca brilhou. Foi sexto quando, por pedigree, devia ter sido terceiro. Não há mais provas relevantes corridas por Agostinho neste ano. A BIC – em litígio com um Luis Ocaña doente – fechou as portas. Agostinho finalmente correu os critérios de verão de França, ganhou alguns, outros não, ganhou o seu dinheiro sempre. O que seria dele em 1975? Curiosamente um outro português mas de 24 anos, José Martins, representando a portuguesa Coelima, brilhou inesperadamente na Volta a Catalunya e terminou em 5º lugar, com duas vitórias em etapa. Aqui ganhou Thévenet, que Agostinho tinha superado na Vuelta, e Ocaña terminou em 10º. Merckx fez o pleno sendo Campeão do Mundo, com Poulidor outra vez 2º. Merckx continuava a ganhar embora sem arrasar. O Giro fora ganho por segundos a um novato de nome Baronchelli. Que ano mais estranho este, como seria 75?

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