domingo, 25 de janeiro de 2015

Estou em Atenas neste preciso momento.

Terá sido Churchill – sim, eu também falo dele, smiley face – a dizer que a democracia é péssima mas não há melhor. Hoje chegou a vez da Grécia demonstrar esta infeliz verdade. Nós tivémos a nossa dose – duas vitórias de Sócrates, a mais recente de Passos Coelho. As eleições na Grécia de hoje estão um grau acima. A análise da crise grega não foge à questão dos “europeus de cima” vs os “europeus de baixo”. Que Merkel precise deste discurso para ganhar eleições na Alemanha deve fazer-nos pensar. Que a nossa preocupação seja demonstrar que nós não somos “tão baixo assim” também. A Grécia economicamente sempre esteve um patamar acima de Portugal. Alguns recursos naturais, mais agricultura, mais pescas, uma frota mercante enorme, um turismo gigante, uma posição estratégica ao ser a antecâmara do Médio Oriente. Atenas e Istambul são “primas-inimigas”. As eleições são entre o Syriza, a esquerda que quer renegociar a dívida e parar com a epidemia de culpabilização grega, e a Nova Democracia, o PSD lá da zona, que cumpriu com quase tudo o que a Troika ditou, etc. Acho engraçado que se fale de “esquerda radical” ao falar do Syriza. Na realidade é na Grécia, neste momento a única esquerda. Lembro que em Portugal não se pode classificar o PS como partido de esquerda. Alguém sabe o que António Costa vai fazer depois das eleições? Nem eu. O charme pode comprar um país? Deus nos defenda da sua maioria absoluta. O Syriza é aquilo que o Bloco de Esquerda não conseguiu ser em Portugal, o veículo do descontentamento que procura uma alternativa. A Grécia era apenas “o pior de todos” e, efectivamente, bateu records de perda de poder de compra e de geração de desemprego. Portugal ao menos podia comparar favoravelmente com alguém – a Grécia – e o drama não foi tão fundo. E, claro, temos os olhos de Catarina Martins. Oh, como esta rapariga me mete medo. Sim, confesso, mete-me medo. Ah, pois, afinal é fácil, é só não votar nela! Já está. João Semedo, pelo contrário podia infundir toda a confiança do mundo mas… era como se não fosse ele as escrever os seus discursos, não era, a ir atrás do fogo “visual” da Catarina. Pobre homem… Os gregos vão hoje fazer uma experiência. Talvez – a par da jovem democracia tunisina – a experiência democrática mais interessante no Ocidente dos últimos dez. Era giro que funcionasse. PS.: sim, a Tunísia é Ocidente.

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