sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Berlim dia um, primeira parte.

O Hotel4Youth fica na Bernauer Strasse. Tem duas estrelas, ou seja, não tem ar condicionado. É  muito novo, está limpo, e tem um nome nojento - acho eu. Fora isso o pequeno almoço é impecável, os empregados prestáveis. Chegados no dia anterior exigiram-me logo pagar a estadia. Não é habitual...  Verdade seja dita que o correctíssimo hotel vienense de três estrelas "caíra-me" no Visa umas semanas antes de lá chegar sequer. Bom, paguei. A Bernauer Strasse tem logo ali uma estação de metro. E um cartão em conta cobria os cinco dias e a viagem de volta a Schönefeld: nem pensar em voltar a pagar cinquenta euros. Primeira paragem: Alexander Platz.

A Alexander Platz era um dos centros da vida nocturna e da boémia berlinense entre as duas guerras. Perdida a segunda, ficou, como quase todo o centro de Berlim, para a DDR, a Alemanha de Leste. Hoje é um centro de paragem e de passagem de muita e muita gente. E dá-nos logo uma garantia: não estamos em Viena. Esta cidade que fala alemão é mais rápida, mais confusa, um pouco mais suja. A harmonia, a haver, é a dos opostos, dos extremos arquitectónicos que aqui se atacam e ali se completam. Combios, metro, trams. Trânsito mas nada de infernal. Barulho, sim, um bocado. E mais bicicletas também, curiosamente. Berlim é uma cidade plana. 

Vamos ao turismo. A praça é dominada por um Hotel recente, o Park Inn. Mas do outro lado da estação de comboios impõe-se um símbolo da DDR, a Fernsehturm, a torre da televisão da DDR e ainda o segundo edifício mais alto da União Europeia, pelo que li (qual o primeiro?). 368 metros de altura, construída nos anos sessenta. Á sua frente a Igreja de Santa Maria. Fomos caminhando para o rio, passando pela edifício vermelho da Câmara Municipal e penetrando por um pequeno bairro que representará do pouco que resta da Berlim antiga: Nikolaiviertel. Tudo impecavelmente restaurado, claro. Não esqueçamos: em 1945 Berlim foi não arrasada mas quase. E chegámos ao rio Spree. A minha ideia era penetrar já para a "Ilha dos Museus". Desviei-me um pouco. Atravessámos a Universidade Humboldt, esteio do comunismo ortodoxo antes de 89 e que sofreu uma limpeza de pessoal severa logo após. Pela Unter den Linden fizémos marcha atrás. A Ilha dos Museus é na realidade a metade norte de uma ilha desenhada pelo Spree e um canal. A ilha é um mar de gruas e obras, nem sempre de fácil diagnóstico. Há sobretudo um enorme estaleiro onde antes era o palácio dos príncipes do Bradenburgo, da Prússia e dos imperadores Germânicos, o Stadtschloss. À esquerda uma enorme igreja, a Berliner Dom. É um edifício enorme, Neo-Renascença, dizem, construído no virar do séc. XX. Seria a tardia resposta luterana a S.Pedro. Curiosamente  o Bispado protestante de Berlim nunca chegou a ter aqui a sua sede. Entrámos - a nave é ampla, imponente, e subimos  à cúpula, que tem um passadiço exterior ao qual se pode aceder. 
Descemos para almoçar num italiano junto ao Spree.

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