Viena foi capital de um Império. A sua extensão e, sobretudo, a sua coerência de construção lembra-nos isso a cada passo. Os edifícios altos e, quase todos, da transição dos séculos XIX-XX (ou boas recriações disso...), em tons claros e harmónicos, enchem, preenchem as ruas e avenidas. Ao fim de uns dias quem me acompanhava dizia que em Viena só havia dois tipos de casas, os palácios e. Do "e" falaremos depois. Parte do Império esteve em guerra há poucos anos - a Guerra dos Balcãs. Há muito ouvir de línguas balcânicas em Viena. Viena foi um porto seguro para bósnios, sérvios, croatas. Muitos deles optaram por ficar. Viena tem bairros onde mais de 30% da população residente em idade de votar não é realmente residente, pois não é austríaca.
Na tarde do primeiro dia fui à procura da Viena "multi-cultural". Primeiro fomos espreitar o Secessionsgebaude, a casa-manifesto de um movimento artístico de final do século XIX, desenhada por Olbrich e onde participava Klimt. Curiosamente o edifício cúbico é coroado por uma esfera dourada de temas vegetais, o dourado uma mania vienense...
O edifício é um museu... caro. Visita-se as exposições temporárias e um mural de Klimt que está underground.
Mas o objectivo era chegar ao Naschmarkt. Entre duas ruas movimentadas e sobre um rio "tapado" (que descobrimos depois ser o rio... Viena!) fica um movimentado conjunto de lojas de comida, de fruta, de condimentos, os mais variados e vendidos pelas mais variadas pessoas. E umas dezenas de restaurantes também das mais variadas origens e preços. O guia recomendava os mais afastados como os mais baratos, não confirmamos. Talvez a expectativa fosse excessiva. Há de tudo mas ordenadamente. A confusão é apenas moderada. No fim do mercado as inevitáveis roupas e t-shirts, incluindo a do CR7.
Na rua a norte uns edifícios lindíssimos de Otto Wagner. Olhando para sul, pelo contrário, alguns edifícios rectangulares feios e periféricos, uma antecâmara do subúrbio vienense: os "e".
Rebocámo-nos para trás e entramos num café com aspecto antigo: era. Pelo caminho constatámos o que os chineses gostam de comer: comida chinesa. O Café Sperl foi fundado em 1880. Sentámo-nos junto do dono, velho como a casa. Há viagens no tempo e há viagens no tempo. O homem de que falamos estava sentado numa mesa do café onde lenta e meticulosamente conferia a correspondência e tomava apontamentos num papel. Assistimos à mudança de turno dos camareiros. Um a um foram entregar-lhe o dinheiro e os recibos de cada mesa. Não notei tensão neste prestar de contas: era assim.
Recobrámos forças e desembocámos no MuseumsQuartier. A capital de Império teve, obviamente, estábulos imperiais. Um quarteirão deles. Que hoje é um quarteirão de museus. Entrámos no Leopold Museum.
Vamos resumir o Leopold Museum: Em Viena aconteceu uma explosão de pintura na viragem do século XX. E este museu mostra isso. Que vimos? Muito muito muito Schiele. Bastante Klimt. Algum Kokoschka. Mas também alguns nomes menos conhecidos "cá fora": Kolo Moser, Richard Gerstl... cansativo, fantástico, eu sei lá.
No fim, exaustos, fomos espreitar pela primeira vez a Catedral de Santo Estevão e o canal do Danúbio.
Jantámos num kebap/pizzaria perto do Hotel.
End...
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