1.
Ao acertar as rugas com o ido
Devia eu estar mais enrugado.
Muito do que foi vestido afinal
Não era meu mas emprestado.
E assim fica o haver de rugas
Explicado.
2.
Um poeta sem andaimes pode ser bom poeta mas não é boa
pessoa.
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A luz todos os dias acontece e não tem interruptor.
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Arranjem uma cama de água para o nenúfar!
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O engano acontece devagar mas, mais tarde ou mais cedo,
deixa-se ver.
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Quem tem uma prótese valvular mecânica consegue ouvir sempre
o coração, o que é uma grande chatice.
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Azul e azul. Alternando com um azul outro azul ainda. O mais
é branco. Grécia!
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“Pagar com o corpo” – era uma expressão em voga quando da
minha primeira viagem à Grécia, engraçado grupo de amigos. “Com o corpinho”,
para ser mais preciso. Ok, eu pago.
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O turno da manhã é, às vezes, como um camião do lixo que se
atrasou e quer, rápidamente, acabar o serviço.
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Anos, blocos de
apartamentos para demolir.
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Eu diria que quinze minutos é um tempo vil, senhor ministro,
nem meia hora vai dar para contar a minha história.
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Padecer é como quem desce aos poucos. Ter uma dor fodida é
uma queda livre.
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Campo de tiro, no que à sedução diz respeito. Diz tu de que
lado estou eu.
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Sopro certo.
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Abaixo do paralelo 40 só devia haver cervejas de meio litro.
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Tudo se pode traduzir em palavras. As traduções podem não
ser boas.
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Resta-me um dia, ainda sem nome, apenas um dia.
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Que farei, oleiro, contigo?
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Deus não existe. Indiferente a isso, a papoila perde a sua
graça, pétala a pétala.
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Vivo com uma pulseira electrónica. Sabes onde estou, não o
que faço e penso.
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Tecidos, particípio passado. Tanto calor lá fora. Nem
presente nem plural.
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Neste búzio ouço o mar a que não tenho direito.
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De cavalo para burro e de cão para gato, caçando. De homem
novo para homem velho, de louva-a-deus para escaravelho do lixo.
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O pouco tempo pode ainda ser uma explicação?
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Ser uma ilha obriga a opções. Mas as ilhas atraem os poetas.
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La bonne. Menos que uma dama-de-companhia. Incapaz do mal.
Na vida real é, porém, a amante do Conde
de Segur.
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O rabo de uma lagartixa é uma perda de rabo e de tempo. O trabalho que
a lagartixa tem para o refazer enerva-a. É uma fase em que é mais provável a lagartixa ficar debaixo da roda de um carro.
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Um trocadilho fácil é disparar o quadro e eu dizer “foi a
resistência”.
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Não há ecografia que relate: foie gras!
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O fígado engorda em vida porque desconfia do que na outra
vida vai encontrar.
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O teu nome na porta do frigorífico serve para segurar a to do
list onde não estás, ó inacessível mas útil pessoa!
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Como legado delegar.
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Estou com esta sensação elíptica de que não vou chegar a
lado nenhum.
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Mudam-se os tempos, mantêm-se as vontades.
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