Estive na Grécia seis dias. Em Atenas, mais precisamente.
Não me apercebi de nenhuma crise.
Sempre tive muita curiosidade em visitar a
Síria - Damasco, Aleppo - mas é impossível. Na guerra “civil” Síria – se-lo-á? – já morreram mais de
200000 pessoas, 1% da população total do país. 15% da população síria já não
está na Síria: fugiu.
Gostaria também de
visitar a costa africana do Mar Vermelho na parte sul, mas a Eritreia parece-me um país a
evitar.
Dito isto, gostaria de dar os meus parabéns à Grécia. Receberam-me bem.
Têm uma capital que é muito bonita, acolhedora, singular, enorme em história e em
dimensão simbólica. Não me apercebi de nenhuma “depressão colectiva”, como, por ex., há em Portugal. Em nenhum momento tive medo. Ninguém me pediu
nenhuma opinião sobre a crise. Também não me esforcei por dar “conselhos” a
ninguém. Senti-me entre iguais.
Havia um
número razoável de lojas fechadas – como em Portugal há. O PIB per capita grego
está neste momento nivelado pelo nosso - o PIB per capita eritreu é 40 vezes
inferior. Acresce que os gregos têm um orgulho natural em serem o que são.
Sobra-lhes história e sofrimento em partes iguais. São, repito, únicos. O patriotismo,
palavra bonita que nada tem a ver com a palavra “nacionalismo”, não “renasceu”
no Euro 2004, que eles, discretamente, nos ganharam. Já lá estava. Os gregos,
resumindo e concluindo, parecem-me um povo fixe. Que estará a viver uma crise
de dívida pública fenomenal, provocada por várias razões mas que, com tempo, se
irá resolver. Estes anos transformaram a sua classe política de uma das mais
corruptas e atrasadas da Europa numa classe política nova, interessante. E interessada
como poucas na Europa em diminuir as desigualdades e as impunidades em que o
país é fértil, como o nosso mas sem a classe política. O desemprego enorme, do qual eu pouco me terei apercebido
obviamente porque saí pouco do circuito turístico, a sazonalidade ajudou, etc.,
está, aqui como em Portugal, a aguentar-se com a emigração e a solidariedade
familiar, também aqui muito forte. Nota-se que alguns carros precisariam de uma demão de pintura, algumas paredes uma limpeza dos grafittis, como em Portugal. Bah, sim, é uma pequena crise. Grandes, grande, são as outras!
E, posto isto, e faltando-me falar apenas do dia seis das férias, excluindo esse post não irei falar mais da Grécia por uns tempos
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