sábado, 29 de agosto de 2015

Pequenas e grandes crises.

Estive na Grécia seis dias. Em Atenas, mais precisamente. Não me apercebi de nenhuma crise. 

Sempre tive muita curiosidade em visitar a Síria - Damasco, Aleppo - mas é impossível. Na guerra “civil” Síria – se-lo-á? – já morreram mais de 200000 pessoas, 1% da população total do país. 15% da população síria já não está na Síria: fugiu.  

Gostaria também de visitar a costa africana do Mar Vermelho na parte sul, mas a Eritreia parece-me um país a evitar. 

Dito isto, gostaria de dar os meus parabéns à Grécia. Receberam-me bem. Têm uma capital que é muito bonita, acolhedora, singular, enorme em história e em dimensão simbólica. Não me apercebi de nenhuma “depressão colectiva”, como, por ex., há em Portugal. Em nenhum momento tive medo. Ninguém me pediu nenhuma opinião sobre a crise. Também não me esforcei por dar “conselhos” a ninguém. Senti-me entre iguais.  
Havia um número razoável de lojas fechadas – como em Portugal há. O PIB per capita grego está neste momento nivelado pelo nosso - o PIB per capita eritreu é 40 vezes inferior. Acresce que os gregos têm um orgulho natural em serem o que são. Sobra-lhes história e sofrimento em partes iguais. São, repito, únicos. O patriotismo, palavra bonita que nada tem a ver com a palavra “nacionalismo”, não “renasceu” no Euro 2004, que eles, discretamente, nos ganharam. Já lá estava. Os gregos, resumindo e concluindo, parecem-me um povo fixe. Que estará a viver uma crise de dívida pública fenomenal, provocada por várias razões mas que, com tempo, se irá resolver. Estes anos transformaram a sua classe política de uma das mais corruptas e atrasadas da Europa numa classe política nova, interessante. E interessada como poucas na Europa em diminuir as desigualdades e as impunidades em que o país é fértil, como o nosso mas sem a classe política. O desemprego enorme, do qual eu pouco me terei apercebido obviamente porque saí pouco do circuito turístico, a sazonalidade ajudou, etc., está, aqui como em Portugal, a aguentar-se com a emigração e a solidariedade familiar, também aqui muito forte. Nota-se que alguns carros precisariam de uma demão de pintura, algumas paredes uma limpeza dos grafittis, como em Portugal. Bah, sim, é uma pequena crise. Grandes, grande, são as outras! 

E, posto isto, e faltando-me falar apenas do dia seis das férias, excluindo esse post não irei falar mais da Grécia por uns tempos

Sem comentários:

Enviar um comentário