domingo, 9 de agosto de 2015

O que eu me lembro de Peniche - 2011.

Na costa norte da península de Peniche há um pequeno parque de campismo com uns bungalows que se alugam. Há ainda uma piscina e uns matraquilhos à porta da recepção. Já não me lembro bem da disposição das camas, lembro-me de jogar às cartas e de fazer puzzles no chão. E que foi sobretudo em Peniche que percebi que os jogar matraquilhos com a minha filha a partir dali só me viria a trazer uma infinidade de desgostos, fruto de uma aprendizagem juvenil - minha - inexistente. A península de Peniche, que termina no cabo Carvoeiro, é eternamente batida pelo vento norte. É onde a tábua ocidental portuguesa deixa de ser tábua e se atreve mais a entrar pelo mar dentro. Sei eu que não foi bem assim, mapas do medievo mostram Peniche ainda como uma ilha rochosa, uma espécie de hiper-Berlenga, que toneladas de areia e séculos ligaram à terra-mãe. As Berlengas vêem-se bem ao longe, uma sugestão de viagem e de vómito que nunca, felizmente, foi encarada. Nem me lembrei também de visitar o antigo forte e prisão.



As praias de Peniche, que as há a norte e a sul do gargalo peninsular, são arenosas e ventosas. A sul está a famosa "Supertubos". Toda a península é um fenómeno geológico formidável, embora o turismo se restrinja à fotografia no cabo Carvoeiro, onde há um restaurante onde talvez não tenhamos comido. Peniche em si é um Furadouro com o tamanho de uma vila grande, aquilo que em Portugal se chama portanto uma "pequena cidade". Cheira a mar e a pesca por todo o lado, o urbanismo tem aquele descuido e atropelo típico das terras da costa, vivo e agreste, como que a avisar e a marcar posse. Peniche não é fácil. Em 94 tinha estado em Peniche e comi óptimo peixe. Não ficou desta viagem qualquer lembrança gastronómica de relevo. Peniche está feita ainda com se estivesse situada numa ilha, ilha que deixou de o ser há meia dúzia de séculos. O porto antigamente era na Atouguia e avançou meia dúzia de quilómetros. Et voilà.

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