quinta-feira, 20 de agosto de 2015

NCIS - épocas 3 a 11.

Se alguém quiser entender a mente americana deve ver a série NCIS da CBS. É desde há anos a série americana mais vista, e mantém esta popularidade intocada, apesar de alguma alteração no cast. Tem dois spin-off's o NCIS-LA, onde milita a "nossa" Daniela Ruah, e o NCIS-New Orleans, na minha opinião intragável.
Proponho as épocas 3 a 11, onde o cast esteve mais estável. NCIS é um corpo policial da marinha ficcionado que trata de todos os crimes graves que envolvam marines. Uma das frases mais ouvidas na série é "Dead marine!". A figura central é Leroy Jethro Gibbs, um nome só possível nos US, um herói de cabelo grisalho e poucas falas que vive a beber café e sorri contadas vezes. É acolitado por duas figuras masculinas, um diNozzo - italiano - e um McGeee - irlandês, um sendo activo e mexido, o outro informático e introvertido. Há ainda duas figuras femininas, Ziva David, agente emprestada da Mossad, e uma gótica Abby Sciuto, que é a especialista em todos os truques forenses. Finalmente temos o anatomo-patologista Dr. Palmer, a única figura mais velha que Gibbs, e o seu contraponto filosófico. As idiosincrasias de cada um destes personagens são muitas e bem feitas, diNozzo fala demais e leva carolos do chefe, McGee nunca tem namorada, Ziva fala mal inglês e articula mal "aquela" palavra, é sensual e costuma namorar com eventuais inimigos do país, o que é mesmo azar. Abby  Sciuto é de longe a mais engraçada e tem diálogos memoráveis com o seu adorado Gibbs, que lhe fornece café e mais café. Também aqui não há sexo nem drogas - a não ser como motivo das maldades sob investigação. E há correntes profundas que às vezes vêm à superficie para tomar conta da série - Ziva atira no irmão para salvar Gibbs, este tem uma relação distante e confusa com o pai e com o seu passado numa terra do interior USA. A acção é suf+, e a intriga "internacional" que, com frequência mete o pai de Ziva, apenas o director da Mossad, é apenas semi-crível. 
Não interessa, há momentos de puro western psicológico, e há intermezzos de descompressão com diálogos de encomenda. Leroy Jethro Gibbs é um John Wayne televisivo e chega a ter uma relação mais do que interessante com uma agente da CIA representada por Jamie Lee Curtis! Tudo que está à volta é uma construção perfeita desde que se acredite nela - e lembro que os americanos são bons a acreditar. Para equilibrar as coisas, na série 6 entra como chefe um negro, homem de maus fígados mas boas intenções, criando uma interessante tensão com Gibbs que lhe é distante. 
Ziva sai no fim da série 11. Para mim é o momento em que o castelo da cartas da série se desmorona. Acho que os americanos ainda não repararam nisso.

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