Na dia noite anterior tinhamos percebido que estávamos no centro de Roma. Mas, mais precisamente, onde? A manhã serviu para isso. Que o pequeno-almoço fosse - obrigatoriamente - servido no quarto, obrigava a horários. Bem estudado o mapa fornecido pela recepção, foi sair, esquerda, direita, esquerda, e estávamos no rio, a atravessar a ponte Sisto V - o mesmo da Capela Sistina, para Trastevere. Tibre, o rio, em italiano é Tevere. Donde, "Trastevere", "para lá do". Nem mais. Estava calor, muito calor. Ruas estreitas debruadas de turistas, levaram-nos a Santa Maria in Trastevere e sua praça. A basílica é séc. XI, os mosaicos exteriores séc. XII, os interiores séc. XIII e de Pietro Cavallini, o Cimabue de Roma. Eu sei que já estou a inundar esta cena com nomes, etc., mas no livrinho em que eu, adolescente, aprendi a história da pintura ocidental, a primeira reprodução pertencia a Cimabue, pintor florentino, ergo.
Esqueci-me de falar do rio. O Tibre é um rio verde, sujo e calmo, que corre dez a quinze metros abaixo de nós, acompanhado de ambos os lados por umas vias para duas rodas e peões que raramente são usadas e que são aqui e ali tomadas por múltiplos bares. Ao que parece o romano não desce ao rio para correr nem para pedalar mas sim para beber. Se depois se atira ao mesmo não sei. O Tibre não tem muito mais que se lhe diga.
Progredimos pelas ruas estreitas de Transtevere por entre casas altas e bonitas, almoçámos razoavelmente e pagando um pouco menos que ao jantar. Bom, agora íamos ter serviço.
O calor apertava. Atravessámos o rio. Do outro lado da rua "os dois templos melhor conservados da Roma Republicana". Estavam tanto ao sol... Com um gelado subimos e contornámos a Via dei Cerchi e na entrada do Monte Palatino comprámos as entradas para o mesmo, o Fórum e o Coliseu. Nem eu nem a minha companhia estávamos para grandes subidas pelo que o Monte Palatino foi simplesmente ignorado. O Fórum Romano - aposto que não sabiam... - é um monte de ruínas. Com contadas sombras e água vendida por romanos não, romenos? Eu, pessoalmente, prefiro as ruínas com mais de um metro de altura, pelo que retive a Basílica de Maxêncio e Constantino - uma basílica civil, isto é, espaço de negócios, cuja forma depois inspirou as primeiras basílicas cristãs - e que se adivinha ter sido enorme, o Arco de Sétimo Severo e o Templo de Antonino e Faustina, uma grelha de colunas onde está uma igreja barroca construída dentro. No pino do calor lá saímos e fomos para o Coliseu. Ao lado do Coliseu fica mais um arco triunfal, o famoso de Constantino, mas o sol, sempre o inimigo, dissuadiu-nos da aproximação. Coliseu advém de Colosseum e, embora o Coliseu seja efectivamente enorme o nome pertencia no início a uma enorme estátua dedicada a Nero que lhe ficava perto. Derrubada a estátua, o nome derivou para a enorme elipse que por ali ainda estava, a duras penas. E está. Graças a conselhos amigos a compra prévia dos bilhetes evitou-nos uma de duas filas. A entrada foi fluida. Os gentios eram muitos. Mas, mesmo assim, a grandiosidade do monumento deixou-se ver.
Exaustos e desidratados divisámos do outro lado da Via dei Fori Imperiali os Mercados de Trajano e a Coluna de Trajano. Que bem estavam ao longe, do outro lado da avenida... Na Piazza Venezia comprámos mais gelado e arrastámo-nos até ao quarto para um merecido descanso.
#
Umas horas depois voltámos a sair para explorar as redondezas e decidir onde jantar. Os destinos óbvios foram Campo de Fiori e Piazza Navona. Ambas oferecem Roma numa bandeja. Navona acrescenta duas fontes desenhadas por Bernini e uma igreja desenhada por Borromini. E tem a forma do antigo "estádio" romano que ali... estava. Ambas as praças tinham demasiados estrangeiros, demasiados vendedores, demasiados mágicos da treta, demasiados músicos de rua - embora eu, confesso, tenha dado uns euros a um menos jovem que tocava "Forbidden Colors". Ainda fomos até à Piazza della Rotonda, com o Pantheon já fechado, talvez a mais verdadeira das três, porque menos equipada - por ex. - para jantar. Jantámos em Navona. Ao almoço fora cerveja Moretti, ao jantar foi cerveja Poretti.
Sem comentários:
Enviar um comentário