sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O que fazer com esta crise.

Esta crise está engraçada. O problema está na falta de bondade dos intervenientes.
Num mundo de 100% de votantes as eleições demonstraram uma deslocação do eixo dos votos para a esquerda. Tendo em atenção a votação na coligação governante a interpretação mais simples era a de que o colégio eleitoral - ou seja, nós - aceitávamos a manutenção dos governantes PAF mas com um escrutínio mais atento e da gente à esquerda do que o governo iria fazer a seguir. Pode dizer-se que votámos com a lembrança não só do que o governo anterior fez mas também do que o governo anterior ao governo anterior fez.
Por outro lado uma campanha desastrosa e/ou a incapacidade talvez intrínseca - e aqui está o cerne da questão - de António Costa nos convencer da bondade das suas propostas levou o PS a um resultado desastroso.
Porém números são números. E a maioria no parlamento é... de esquerda. Se considerarmos nós o PS um partido de esquerda. Sê-lo-á? Grande parte dos votantes do PS considerar-se-á... do centro, e não se vê a dialogar com as abas esquerdas do hemiciclo.
E António Costa... perdeu as eleições. Isso foi óbvio para todos... excepto para o próprio. Comparando, o seu resultado foi pior do que o resultado de Seguro nas Europeias. Só um PS renovado para jogar à esquerda. Não era esse o projecto de Costa. Qualquer coligação por-baixo-da-mesa PS-PCP-BE será um jogo visto como sujo pelos portugueses: a esquerda a fazer joguinhos como se fosse a direita. Ou então uma lembrança de outros tempos, um fenómeno à Limiano, mas à esquerda.
O Bloco e os comunistas competem para cavalgar o cavalo-Syriza às custas do PS. Qualquer governo PS será um governo a prazo. O PS terá sempre que negociar com PCP e BE que, por sua vez, competirão pela boa imagem de parceiros puros e inteiros, defensores do verdadeiro povo, etc. A renegociação da dívida será o "deal breaker", ponto final, parágrafo.

Cavaco Silva pode não estar perfeito mas está bem aconselhado. Vai indigitar Pedro Passos Coelho e bem. Passos Coelho vai levar um projecto para-o-moderado ao Parlamento. E António Costa vai deixá-lo passar - e partirá/perderá o partido. Ou vai chumbá-lo - e partirá/perderá o partido. Passos Coelho entrará em gestão - e os governos em gestão habitualmente fazem-nos poupar dinheiro - e renegociará a situação parlamentar com o novo líder do PS. Que será moderado o suficiente para deixar passar - com adequadas reservas - o governo PAF. Que se arrisca a ganhar as próximas eleições, quando elas forem.

Nem o BE nem o PCP têm soluções para Portugal. António Costa é um escroque. Péssimo momento para termos uma maioria de esquerda...

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