domingo, 13 de setembro de 2015

Fujo do Zambujo e também já não ouço o Araújo.

Quando aconteceu o debate Passos - Costa estava na Feira do Livro. Não sei se por acaso soava Zeca Afonso ao vivo. A Cata, pouco habituada, comentou a interpretação do Zeca, aquele som de voz especial vindo de Coimbra para acordar todo um país. Defeito meu, pois ponho em casa mais o Zé Mário...
A Feira do Livro estava um pouco viúva de gente, que assistia em casa ao famoso debate. Eu não, eu sabia quem ia perder: nós. E, no entanto, ouvir a mesma canção de combate há cinquenta anos... enfim. Fiquei a pensar. Parafraseando, "pensar sempre também cansa".

Ontem havia D'bandada, com Miguel Araújo nos Aliados. Talvez pela rima dos nomes associo os nomes de Miguel Araújo e de António Zambujo como os grandes anestésicos destes tempos. E talvez esteja em mim o defeito, nem eles me adormecem nem já o Zeca me acorda para a luta.

Miguel Araújo tem uma dívida pop importante mas, claro, é hoje uma espécie de Rui Veloso baladeiro que espreita os aviões e fala dos maridos das outras, etc. Tem jeitinho, concedo. Ouve-se bem. Em dois anos vai desaparecer.
António Zambujo tem a barba que eu gostaria de ter. Saiu do fado para o mundo das "músicas do mundo" - e não é toda a música do mundo? - com uma voz - espectacular, sim, mas que é Fausto melhorado, nem mais. Na prática transformou-se numa espécie de Tony de Matos mas do lado certo da barreira. Transformou o "pica" numa figura romântica para cantarmos em coro. Fez uma tournée com a Ana Moura. Mas onde Zambujo é pele suave e músculo em doece repouso Ana Moura é corda tensa. 
E agora, Zambujo, para onde irás?

Por isso eu continuo a gostar dos Deolinda.

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