domingo, 27 de setembro de 2015

The Irrational Man - Woody Allen.






Woody Allen faz filmes como quem... faz anos. Faz portanto... um filme por ano. 

The Irrational Man é o filme de 2015. Woody Allen volta aos USA mas não a NY, sim a uma das instituições americanas, um campus universitário, onde Joachin Phoenix é um professor de filosofia - Abe Lucas - em crise existencial e Emma Stone uma aluna especial  - Jill Pollard - que vai ter um caso com ele.
Woody Allen é um génio. Por anos que viva continuarei a disfrutar da sombra de alguns dos seus filmes. "Matchpoint" foi a última obra de génio, mas depois houve algumas coisas mais a aproveitar. "The Irrational Man" cansou-me.
O filme tem uma voz off que não se cala - ora Jill, ora Abe a darem as suas explicações - porque isto foi assim, porque procederam assado. Não se calam. Abe é mais um Joachin Phoenix em destruição mas que antes fez voluntariado em dez sítios, arriscou a vida em quinze, etc. até à náusea. Um amigo morreu numa mina... onde? no Iraque, claro. Portanto, nada interessa, nada conta, ergo não há erecções há mais de um ano. Que chatice! Do pouco que podemos ver das suas aulas elas são um aborrecimento completo, e o seu verbo não é assim tão bom. Há, claro, também a professora dorme-com-todos, de seu nome Rita, que quer que ele a leve para Espanha -  e ouve-se uma guitarra andaluza. 
Há um turning point onde - não vou abrir mão e não vou contar - Abe decide tomar uma decisão. Essa decisão devolve-lhe toda a força - e o vigor, o vigor - perdida, um sentido para a vida, etc. O idílio com Jill parece ganhar foros não de Salvaterra mas de perfeição. A decisão tomada é desconhecida de todos mas a esperta da Jill descobre-a e discorda mesmo, discorda! - e quebra-se a corrente. Nem ele acaba por viajar com Rita para Espanha nem ficamos a saber porque raios o complacente namorado da Jill a volta a aceitar ao fim de tanto folguedo.

A moral e a culpa e a eterna dança entre o certo e o errado e onde definimos a linha nunca abandonam a filmografia de Woody Allen. Há também o jogo do acaso. As vozes em off e os diálogos, sempre um pouco "subidos" na temática  - não sei se para gozar com o que será o chit-chat habitual num campus americano - nunca páram de falar de Kant, Kerkegaard, e outros filósofos com ou sem "K". Rita, a figura mais credível de todo este filme não deixa de soltar algures que Abe "sabe falar bem mas às vezes o conteúdo é talvez um pouco vulgar e genérico" - uma deixa que quase parece uma crítica ao filme dentro do próprio filme. 
Nada há de perfeito nem no crime que acontece nem no filme. A figura de Abe não sobe à altura da sua monstruosidade como o filme não assume a espessura de alguns raciocínios que são ditos, parece, só para que conste e para encher ou pour épater l'americain.
Woody Allen parece gostar de criar figuras masculinas abjectas, como em "Matchpoint". Aqui conseguiu criar outra. Mas entre as mulheres que estão do outro lado, confesso, Jill aborreceu-me bastante enquanto Rita mereceu o meu voto de confiança. Mesmo que ela, chegada a Espanha, fosse obviamente ter uma desilusão...

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